terça-feira, 29 de abril de 2008

Higiene do cocó


Hoje fui cagar.

Durante esse belo acto, dei comigo a pensar: quando o rolo de papel higiénico acaba, o que é que as pessoas fazem com os tubos de cartão que vêm no interior?

Na maioria dos casos, avistar aquele rolo de cartão é sinal de pânico, exactamente por não haver mais papel. Ora, o rolo de cartão, ao ver-nos entrar em pânico, deve pensar: «Olha, este 'tá fodido!»

Para mim, o pequeno tubo de cartão é uma criatura stressada, que passa dias em agonia, a ver o que acontece ao papel higiénico e a prever o pior. Quando chega a vez dele e não usamos para o mesmo fim que o papel higiénico, o rolo de cartão deve ficar sem perceber o que se passou. Uma sensação de alívio seguida de estranheza por não ter sido usado. É capaz de pensar que tem algum defeito.

Isto poderá até ser polémico, porque ao reparar que o resto do rolo é branco e ele mais escuro, o pequeno rolo de cartão pode mesmo chegar a pensar que tal rejeição se trata de racismo.

Ainda hoje, como disse, fui cagar. Apesar de ter acabado o papel, consegui limpar-me como deve ser, mas lá ficou o rolo de cartão a olhar para mim com cara de mau, e mesmo antes de sair ele disse-me:

- Racista! Os mais escuros são sempre marginalizados… nem para limpar cús nos querem!

"Portugal assume outro papel na Europa.
Mais higiénico.
Mais absorvente.
Já não estamos na cauda da Europa.
Agora limpamos a cauda da Europa.
E isso é motivo de orgulho.
Para todos nós."

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Olha um homem de cabeça grande... e laranja


Ontem cruzei-me na rua com um amigo, acompanhado de uma mulher absolutamente fantástica, mas qual não foi o meu espanto quando vi que ele estava com a cabeça enorme, perfeitamente redonda e laranja. Tentei não me mostrar surpreendido com a cabeça – como se isso fosse uma coisa natural -, e também com a mulher atraente com quem ele estava, mas não pude deixar de perguntar, “Então, como é que vai essa cabe… vida?”

- “Pois, cá ando com esta cabeça enorme e laranja.”

- “Mas como é que isso aconteceu?”

- “Se eu te contar não vais acreditar.”

Mas eu não ia ficar por ali, insisti e ele lá contou.

- “Pronto, está bem. Eu encontrei uma lâmpada mágica com um génio lá dentro. Eu estava meio céptico ao inicio, mas depois lá esfreguei aquela porcaria como um idiota e o génio lá saiu. Ah, e já agora, os génios não são assim tão paneleiros como os filmes e os desenhos animados os fazem parecer. Eles na verdade são pessoas normais, como tu e eu, tirando o facto de eu agora ter esta cabeça enorme e laranja… enfim.”

Eu, que até então mantive profundo silêncio, vi-me obrigado a mandá-lo calar. “Epá, pára lá com isso, conta o essencial.” Ele prosseguiu a explicação.

- “Pronto, está bem. Como disse, lá esfreguei aquilo e o génio apareceu. Tal e qual como nas histórias que se contam, ele estava a postos para me conceder três desejos e deu-me tempo para reflectir bem naquilo que mais queria na vida.”

- “O que foi que pediste?”, perguntei já em desespero.

- “Bem, como primeiro desejo pedi 1 milhão de euros. O génio lá levantou o braço direito com o indicador apontado para o céu, disse uma palavra mágica e do nada **puf**, ali estava uma mala cheia de notas de 500. A mala era bonita por acaso, tinha rodinhas e uns puxadores bem janotas…”

Ele mostrou-me o dinheiro e tudo. Fiquei impressionado, mas continuava curioso sobre a cabeça.

- “O segundo desejo foi mais fácil que o primeiro. Pedi ao génio a que me desse a mulher mais bonita, interessante, inteligente e apaixonada do mundo.”

Foi precisamente nesse momento que ele me apresentou a mulher que estava ao seu lado. Realmente tratava-se de um mulherão impossível de ser vista ao vivo. Boa, boa, boa, boa e boa.

- “Isso é incrível! Tu agora és rico e tens esta linda mulher ao teu lado? Mas espera lá… ainda não me explicaste essa cabeça laranja.”

- “Pois, foi exactamente nesse ponto que eu acho que meti água”, disse o meu amigo com uma expressão nitidamente triste. Mas ele lá continuou.

- “Para o meu terceiro desejo, eu pedi uma cabeça grande, redonda e laranja.”